MEDICINA NO ESTRANGEIRO
Pelo Dr. Jaime Teixeira Mendes
A inexistência de dados estatísticos fiáveis inquina todas as discussões sobre o tema da falta de médicos em Portugal.
Nem a Ordem dos Médicos, nem o Ministério da Saúde fornecem esses dados, sendo legítimo pensar que não sabem.
Quantos médicos exercem clínica? Qual a média de idades? Especialidades? Necessidades das populações do interior, do litoral e das grandes cidades? Os médicos aposentados da função pública exercem actividade? Aonde?
Sem este estudo realizado, tudo o que se disser é pura demagogia.
Há empresas preparadas para realizar esse trabalho, claro que bem pago. Mas dado que o Ministério não o faz, a Ordem podia fornecê-lo.
Por isso vou abordar a situação de cerca de 1 300 estudantes portugueses na Europa, principalmente em Espanha, Inglaterra e República Checa, muitos dos quais gostariam de regressar a Portugal para exercer a sua actividade.
Quando estudei medicina em Lausana, não por problemas de acesso às faculdades portuguesas, mas por deficit de Liberdade no nosso país, havia no meu curso cerca de 25 colegas oriundos dos Estados Unidos.
A justificação para irem estudar para a Suíça devia-se ao preço muito alto das propinas das Escolas Médicas norte-americanas e à dificuldade para muitos na obtenção de bolsas, apesar de nessa época, anos 60, haver falta de médicos nos States.
No último ano do curso, delegados do governo norte-americano, assim como representantes de associações médicas, deslocavam-se a Lausana para programarem
com os seus concidadãos o regresso ao país.
Nenhum desses meus colegas ficou a trabalhar na Suíça. Todos fizeram a sua formação pós graduada nos Estados Unidos da América.
Passados 40 anos, a atitude face a este problema, quer da Direcção da Ordem dos Médicos quer do Ministério, é estritamente corporativa e tacanha.
A Ordem tem obrigação de saber quais são e onde são os melhores cursos de Medicina e, em parceria com os Ministérios da Educação e da Saúde, resolver da melhor maneira o regresso desses nossos compatriotas.
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